Há dias, vi em noticiário mais uma apreensão de drogas em um aeroporto do Brasil. Era outro recorde de apreensão, totalizando não sei quantas toneladas desde o início do ano. Havia sido preso um intermediário estrangeiro que tentara subornar a fiscalização federal com milhares de dólares para que deixassem de inspecionar determinada bagagem com destino à Europa. Dias antes, foram presas algumas mulheres africanas, transportando cocaína sob as vestes, com destino ao seu continente. De vez em quando é flagrado alguém transportando tóxicos do Brasil para o exterior.
Por outro lado, é sobejamente sabido que as grandes capitais brasileiras estão sob o “domínio do tráfico”. A maioria dos assassinatos, sequestros e assaltos são atribuídos às quadrilhas de traficantes de drogas, que possuem armamento e munição militar de última geração em quantidade para enfrentar a polícia (em todas as suas instâncias), bem como bandos rivais. Possuem também uma rede de comunicação invejável, incluindo pequenas delegacias e grandes complexos penitenciários de todo o país. Em resumo, os traficantes brasileiros, ou seja, aqueles que recebem cocaína da Colômbia e da Bolívia para distribuição aqui mesmo no Brasil, estão com seus impérios cada vez maiores e mais fortes. Está óbvio que eles não são os mesmos que usam o Brasil como rota para envio dessa mercadoria ao exterior, que são estrangeiros.
Mas as apreensões praticamente só se referem à mercadoria que embarca no Brasil com destino ao exterior. Me parece lógico concluir que a polícia brasileira está sendo usada pelos governos estrangeiros para barrar o embarque de drogas para seus países, e, definitivamente, não para barrar a distribuição aqui dentro. Nesse caso, quais podem ser os interesses em jogo? Podemos apenas imaginar alguns: A distribuição aqui dentro é protegida, porque existem autoridades influentes que são usuários, ou mesmo sócios do “tráfico”. Se isso for verdade, quanto da droga apreendida com destino ao exterior é desviada para o mercado interno? Se isso tudo não for verdade, por que não é dada ênfase à fiscalização na entrada de drogas, no país, ao invés de ser dada na saída? O mesmo pode ser dito quanto às armas. Outro dado: a maconha, considerada droga leve, produzida aqui mesmo no Brasil, é o bode expiatório da polícia, que não cansa de mostrar imensas fogueiras de plantações descobertas. É claro que isso deve ser feito, mas que se impeça também a entrada das chamadas drogas pesadas, o que, parece, esbarra em interesses escusos. Com a desculpa de que as fronteiras do país são muito extensas, que é muito difícil combater a entrada das drogas e armas, esse trabalho vai sendo deixado pra lá. Precisamos usar nossas forças armadas para alguma coisa útil. Nossas fronteiras deveriam ser vigiadas dia e noite por soldados, não só nas pontes e postos de estrada, mas no mato, com postos avançados de 10 em 10 km. Nosso espaço aéreo seria respeitado também pelas pequenas aeronaves que transportam a droga, se fossem abatidas à segunda negativa de pouso forçado pela nossa Força Aérea. E que tal aprendermos com os gringos e utilizar as polícias dos países produtores de cocaína para tentar, ao menos, diminuir o embarque pra cá? N.B.: Todo e qualquer embarque, não só os que usam o Brasil como rota para a América do Norte, Europa, Ásia e África, como também os que têm o Brasil como destino final.
Se isso não é feito, ou o é com pequenos efeitos, a única coisa que se consegue é diminuir um pouco a oferta da droga, aumentando seu preço.
Não adiantará mudar-se a legislação penal, instituindo a pena capital, ou mesmo a (inútil) prisão perpétua no Brasil, se o combate ao tráfico não for realmente levado a sério.
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sexta-feira, 18 de setembro de 2009
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4 comentários:
Beleza, mano. É muito bom termos disponível um espaço para "meter o pau" a torto e a envergado. Meu pai é quem vai adorar... beijão!
E sobre o artigo acima? Ninguém vai dizer nada?
Oi, painho... ótimo texto!! Ao qual me remete à uma conversa nossa de não muito tempo atrás.
Parabéns pelo texto e pelo Blog!!
Beijão!
Hélio, seu blog realmente está maravilhoso. Um meio de comunicação possível, de fácil acesso e muito inteligente. Conte comigo no envio de materiais que possam comtribuir para página.
Beijos
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