Um amigo de um amigo me mandou esta crônica sobre o novíssimo carnaval da Bahia, com a qual concordo em gênero e número.
FALSA FOLIA
Faz tempo que venho observando as mudanças do Carnaval. Sempre piorando, priorizando os resultados econômicos em detrimento da espontaneidade da nossa gente, sempre criativa e ainda mais irreverente durante o reinado de Momo.
Pude fazer agora uma constatação: A folia ficou falsa.A praça não é mais do povo. É dos camarotes e da televisão.Os primeiros a ignorar a realidade. A segunda para filmar o inconsistente.
Prá ver a banda passar... nem pensar.
O culto ao mau gosto leva tudo e todos ao desespero, ao oportunismo barato, ralo e raso.
Como comparar a “Mudança do Garcia” com a atual ‘Andança do Garcia’?
Esta, um arremedo chulo, sem brilho, sem magia. Um retrato fiel de que é possível sorrir de barriga vazia. Mesmo um sorriso falso, um sorriso de quem viu o sol nascer quadrado, um sorriso imperfeito.
O que tive oportunidade de ver na segunda-feira de Carnaval, é de causar náusea: Meia dúzia, sei lá, de cavaleiros tão bem dispostos que pareciam abrir o funeral do Garcia, capitaneados por um oportunista político sem expressão, que seguia a pé, entre seguranças, como um pateta entre patéticos. Em seguida, tolos de camiseta branca e estampada com estrela vermelha, todos parecidos com produtos perfilados em prateleiras de mercadinho popular. Verdadeiros manequins, imobilizados pelas pontas das estrelas dispostas feito esporas.
Cadê a Mudança do Garcia? Cadê o Povo? Que venha o Povo!Prenderam os foliões por trás dos camarotes. Espremeram o povo até tirarem sua última gota de suor. O suor que vem do sal, do sal da vida, do brilho do sol na praça.
Batuque? Onde estão os batuqueiros? Confinados em timbaleiros? Dispostos lado a lado como em navios negreiros, num lamento frenético e sem voz?
A Praça não é mais do povo, nem o céu é do com dor.A pena é paga aqui mesmo sobre chão. Rastejante insana a devorar alegria.
O povo está ficando mudo. Perplexo, ...”caminhando contra o vento sem lenço e sem documento”, como diz o poeta.
Perplexo, atesta sua inutilidade a serviço do ‘topa tudo por dinheiro’.Precisamos transformar o Carnaval numa festa de baianos, sem opressão, sem vaidade política partidária, sem o gesso de manequim e sem a mesmice enfadonha.Sem abadá e com muito mais Abará. A Bahia é a terra da felicidade, das danças. Precisamos de mudanças para acabar com as lambanças.Viva a Mudança!!! A Mudança do Garcia não vai morrer.Por certo as mudanças virão.Falsidade! Vai dançar em outro terreiro! Xô!!!E para deixar o Garcia sempre vivo, um alerta geral: ...”Chou, chuá, cada macaco no seu galho, o meu galho é na Bahia e o seu é em outro lugar”...
Jorge Marcos Britto
2 comentários:
Olhaí, 14. Recuperei sua assinatura fotográfica para colocar aí em cima. Confesso que havia pensado em postar sua crônica aqui, mas não sabia o que você iria achar. Já que o nosso amigo comum Marquinhos Heineken Paes Skol Brahma Fresh da Schin sugeriu e você aceitou, "tamos" em casa.
Muitíssimo obrigado pela postagem, assim como pelo amigo que temos em comum...
Pudera!!! Com um sobrenome 300 quilates sempre envelhecido de 12 anos, ficamos mais felizes que filhos de ladrão quando o pai está solto. Haja fartura!!!
Cá prá nós, com o Marquinhos é dose. É 'farta tudo'. O cara é duro na queda. Mais duro que carne de pescoço de pica-pau.
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