Pesquise Conteúdos Dentro da Palmatória do Mundo

PALMATÓRIA DO MUNDO

A Palmatória foi criada para que qualquer pessoa possa postar qualquer coisa, principalmente se for pra meter o pau (no melhor sentido). Todos os assuntos são bem-vindos, mas logo avisamos: Se encher muito o saco, a gente apaga. Pode ser trânsito, política, uma categoria profissional qualquer, comentários de fatos, etc. Este é um blog público por padrão. Interessados em postar na "Palmatória" informem e-mail em comentários para que o moderador libere (ou não). Poste, siga.

CLIQUE NO MARCADOR E VEJA O QUE HÁ NO BLOG A RESPEITO

Páginas - Agora muito mais placas, em fotos grandes e com comentários. Clique no link e divirta-se.

Powered By Blogger

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Carta Aberta de Brizola Neto a José Serra

SERRA, O BRASIL NÃO PODE MAIS - http://www.tijolaco.com/?p=11820 Li boa parte de seu discurso, senhor José Serra. Talvez eu seja hoje o que o senhor foi, na minha idade, quando era um jovem, que presidia a União Nacional dos Estudantes e apoiava o Governo João Goulart no Comício da Central. Quando o senhor defendia o socialismo que hoje condena, o patriotismo que hoje trai, o desenvolvimento autônomo do Brasil do qual hoje o senhor debocha. O senhor, como Fernando Henrique, é útil aos donos do Brasil – sim, Serra, o Brasil tem donos, poque 1% dos brasileiros mais ricos tem o mesmo que todos os 50% mais pobres – porque foi diferente no passado e, hoje, cobre-se do que foi para que não lhe vejam o que é. O símbolo do Brasil que não pode mais, que não pode ser mais como o fizeram. Não pode mais o Brasil ser das elites, porque nossas elites, salvo exceções, desprezam nosso povo, acham-no chinfrim, malandro, preguiçoso, sujo, desonesto, marginal. Têm nojo dele, fecham-lhe os vidros com película para nem serem vistos. Não pode mais ser o país das elites, porque nossas elites, em geral, não hesitam em vender tudo o que este país possui – como o senhor, aliás, incentivou fazer – para que a “raça superior” venha aqui e explore nossas riquezas de maneira “eficiente” e “lucrativa”. Para eles, é claro, e para os que vivem de suas migalhas. Não pode mais ser o Brasil dos governantes arrogantes, como o senhor, que falam de cima – quando falam – que empolam o discurso para que, numa língua sofisticada, que o povo não entende, negociem o que pertence a todos em benefício de alguns. Não pode mais ser o país dos sábios que, de tão sabidos, fizeram ajoelhar este gigante perante o mundo e nos tornaram servos de uma ordem econômica e política injusta. O país dos governantes “cultos”, que sabem miar em francês e dizer “sim, senhor” em inglês. Não pode mais ser o país do desenvolvimento a conta-gotas, do superávit acima de tudo, dos juros mais acima de tudo ainda, dos lucros acima do povo, do mercado acima da felicidade, do dinheiro acima do ser humano. O Brasil pode hoje mais do que pôde no governo do que o senhor fez parte. Pôde enfrentar a mais devastadora crise econômica mundial aumentando salário, renda, consumo, produção, emprego quando passamos décadas ouvindo, diante numa crise na Malásia ou na Tailândia que era preciso arrochar mais o povo. Pôde falar de igual para igual no mundo, pôde retomar seu petróleo, pôde parar de demitir, pôde retomar investimentos públicos, pôde voltar a investir em moradia, em saneamento, em hidrelétricas, em portos, em ferrovias, em gasodutos. Pôde ampliar o acesso à educação, ainda que abaixo do que mereça o povo, pôde fazer imensas massas de excluídos ingressarem no mundo do consumo e terem direito a sonhar. Pôde, sim, assumir o papel que cabe no mundo a um grande país, líder de seus irmãos latinoamericanos. O Brasil pôde ser, finalmente, o país em que seu povo não se sente um pária. Uma país onde o progresso não é mais sinônimo de infelicidade. É por isso, Serra, que o Brasil não pode mais andar para trás. Não pode voltar para as mãos de gente tão arrogante com seu povo e tão dócil aos graúdos. Não pode mais ser governado por gente fria, que não sente a dor alheia e e não é ansiosa e aflita por mudar. Não pode mais, Serra, não pode mais ser governado por gente que renegou seus anos mais generosos, mais valentes, mais decididos e que entregou seus sonhos ao pragmatismo, que disfarça de si mesmo sua capitulação ao inimigo em nome do discurso moderno, como se pudesse ser moderno aquilo que é apoiado pelo Brasil mais retrógrado, elitista, escravocrata, reacionário. Há gente assim no apoio a Lula e a Dilma, por razões de conveniência-político eleitoral, sim. Mas há duzentas vezes mais a seu lado, sem qualquer razão senão a de ver que sua candidatura e sua eleição são a forma de barrar a ascenção da “ralé”. Onde houver um brasileiro empedernidamente reacionário, haverá um eleitor seu, José Serra. Normalmente não falaria assim a um homem mais velho, não cometeria tal ousadia. Mas sinto esta necessidade, além de mim, além de minha timidez natural, além de minha própria insuficiência. Sinto-me na obrigação de ser a voz do teu passado, José Serra. É um jovem que a Deus só pede que suas convicções não lhes caiam como o tempo faz cair aos cabelos, que suas causas não fraquejem como o tempo faz fraquejar o corpo, que seu amor ao povo brasileiro sobreviva como a paixão da vida inteira. Que o conhecimento, que o tempo há de trazer, não seja o capital de meu sucesso, mas ferramenta do futuro. Vi um homem, já idoso, enfrentar derrotas eleitorais e morrer como um vitorioso, por jamais ter traído as idéias que defendeu. Erros, todo humano os comete. Traição, porém, é o assassinato de nós mesmos. Matamos quem fomos em troca de um novo papel. Talvez venha daí sua dificuldade de dormir. Na remota hipótese de vencer as eleições, José Serra, o senhor será o derrotado. O senhor é o algoz dos seus melhores sonhos.

Nenhum comentário:

Seguidores

Exposição Filatélica

Exposição Filatélica
Hélio Andréa Mazzei (o véio héio), exibindo seu certificado da Exposição Filatélica 2009 na Agência Central dos Correios (3° da direita para a esquerda, pra quem não conhece), Pituba, Salvador, BA