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sábado, 21 de abril de 2012

Stella Maris, o Bairro Mais Policiado de Salvador

 
Não sou policial, nem tenho parentes na polícia. Sou apenas morador do bairro de Stella Maris há 25 anos. Alcancei quase todas as mudanças daqui, já que, quando cheguei, o que mais havia eram dunas. Vi o bairro, aos poucos, se tornar objeto de cobiça de muitos soteropolitanos, que passaram a se interessar em morar em Stella, um bairro tranquilo, apesar de estar em constante crescimento, perto da praia, etc. Muitos forasteiros, ao serem transferidos para Salvador, também deram preferência ao nosso bairro, que tem, hoje, 2 supermercados de médio porte (mercadinhos, dezenas), 4 linhas regulares de ônibus locais, algumas intermunicipais, fora o transporte alternativo e o proliferado clandestino. De fato, apesar de aos poucos diminuir a tranquilidade, o bairro vem melhorando significativamente, pela qualidade de vida.

Como em todo bairro de classe média afastado do centro, o crescimento não é acompanhado pela segurança pública como deveria ser e, aos poucos, foram surgindo roubos e furtos de veículos, em substituição aos "ladrões de galinha" (bujão, bicicleta, tenis, roupa de varal, etc.). Há aproximadamente dois meses, uma jovem estudante manauara foi assassinada em um assalto no bairro, que repercutiu muito nas regiões nordeste e norte do país, o que deixou o bairro abalado, com seus moradores se apavorando, principalmente com os comentários na mídia de que o bairro seria o mais violento da cidade, que os imóveis estavam sendo vendidos (ou simplesmente abandonados) por seus proprietários, inquilinos se mudando para outros bairros, os imóveis da área estavam se desvalorizando, etc., etc. Esse negativismo atirado exageradamente contra nosso bairro realmente nos deixou abalados, a ponto de a maioria não parar para pensar na alta dose de exagero com que estava sendo divulgado. Afinal, quase todos os bairros tem sua parte violenta: a Barra, a Pituba, por acaso são o "mar das tranquilidades"?

Dias após o crime da estudante amazonense, Stella Maris foi literalmente invadido por forças policiais de diversos tipos e quarteis, como a cavalaria (foto), Batalhão de Choque (ROTAMO), Caatinga, 15ª Cia. Independente (Itapuã), entre outros, mais Polícia Civil, sem citar a polícia que não vemos agir. Diversas "blitz" foram (e estão sendo) feitas no bairro, como também nos vizinhos Pedra do Sal, Praia do Flamengo e Alamedas da Praia, conseguindo tranquilizar mais a população e arrancando até "parabéns" e "muito bens" dos moradores. Estamos neste momento (21 de abril de 2012) vivendo esse clima.

Mas, eis que surge mais um crime no bairro. E mais outro no dia seguinte. O primeiro, a suposta "desova" no alto de Alamedas do corpo de um estuprador oriundo de comunidade próxima. O outro está sendo investigado como execução de um senhor estrangeiro, que foi encontrado morto amordaçado, com requintes de crueldade junto a dois de seus cães também mortos.

Estou começando a desconfiar que há interesses maiores em que nosso bairro seja realmente desvalorizado e que as pessoas daqui se mudem, de preferência para novos bairros inventados no meio do nada, longe de praias, de supermercados, de terminais de ônibus, mas cujos apartamentos estão sendo "vendidos" como "de luxo", com a maior segurança, etc. Só que estão, muitos deles, enfusados, cujas vendas iniciaram seis meses antes do início das obras, mas que depois de mais de dois anos de construção e os prédios quase prontos, ainda demandam contingentes de corretores e recursos de midia para empurrá-los goela abaixo dos incautos ou otários, como preferirem, por verdadeiras fortunas.



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Hélio Andréa Mazzei (o véio héio), exibindo seu certificado da Exposição Filatélica 2009 na Agência Central dos Correios (3° da direita para a esquerda, pra quem não conhece), Pituba, Salvador, BA